Apesar das pessoas acharem que eu mudei da água para o vinho, principalmente amigos que não me encontram com frequência, não é bem assim. Ok, admito que sinto que fico mais livre dos impedimentos que eu mesmo inventei a cada dia, mas, olha, ainda falta desapego.
Eu já deixei de fazer muita coisa por vergonha. Até que, sei lá, cansei. Estou com vergonha de parecer ridículo? Estou, mas vou lá e faço mesmo assim. Só que tem umas vergonhas das quais ainda não me desfiz.
Vergonha #1: Interagir com coisas desconhecidas
Eu não tento passar por uma porta se não tenho certeza absoluta de como ela abre, a menos que eu seja obrigado. Sabe aquela coisa de empurrar, mas é pra puxar? Ou você puxa e empurra, porém a porta é de deslizar? Isso me mata. Me mata fazer papel de idiota. Eu preciso de todo um processo de observação (vejo as pessoas fazendo para só depois ir lá e imitar) antes de lidar com a coisa. Eu demorei séculos para aprender encostar num touchscreen, entender a lógica do álcool gel no saguão dos edifícios e lidar com self-service (cada restaurante, um desafio). Até hoje não sei usar o "ensacador" de guarda-chuva molhado que aparece nos dias de chuva no prédio onde trabalho (Enfio o guarda-chuva e ele volta magicamente ensacado? Puxo o saco com a mão? Funciona com guarda-chuva pequeno? Questões).
Eu tentando atravessar portas
(Juro, exatamente assim)
Vergonha #2: Contato físico involuntário
Já detestei contato físico, mas aprendi a gostar. E, olha, tanta bobagem minha. Abraçar é uma das melhores coisas, principalmente abraçar gente gorda. Acho que nossa sociedade é infeliz porque o padrão de beleza é gente magra e a cada dia estamos dando abraços piores. Mas divago.
O problema é o contato físico involuntário. Tipo ônibus lotado, sabe? Pior, metrô lotado. Não sou dos que reclama dos suvacos na cara, porque, gente, não há jeito mesmo, mas a vergonha meio que fica. Eu não sei se é pior ter um cidadão atrás de mim ou eu estar no cangote de alguém. Eu fico "Essa senhora deve estar pensando que sou um desses tarados. Moça, eu não quero te encoxar. É sério, moça, não olha pra mim com essa cara. Não adianta fazer tsc, moça, não tem lugar. Eu estava aqui primeiro, moça, a senhora que entrou aí".
Vergonha #3: Cocô na cabeça
Nisso, eu sou mestre. Esta tirinha me representa muito:
As pessoas me falam A, mas quando eu não sei exatamente o que elas quiseram dizer, eu preencho as lacunas do meu jeitinho especial (Percebam uma tendência já na infância).
Teve uma vez que meu primo perguntou se eu queria beber suco. Era um guaraná natural concentrado de garrafa, daqueles que você põe água e bebe. Mas eu sabia disso? Claro que não, primeiro contato com uma garrafa daquela. Estávamos sozinhos na casa dele, daí ele derramou um pouco do concentrado num copo pra ele e mais um pouco num copo pra mim. Foi, tipo, coisa de dois dedos. Daí ele deixou os copos bem na minha frente e foi na geladeira pegar água.
Na minha cabeça adolescente: "Ué, só isso? Mal dá pra beber, gente. Isso deve ser muito caro, por isso não pode ficar gastando à toa assim... Ou deve ser do pai dele, e primo está pegando escondido... Se for só esse pouquinho, meu tio não vai perceber. Bom... Não vou fazer desfeita, né".
E mandei aquele TROÇO DOCE goela abaixo!
Meu primo reapareceu com a garrafa d'água: "FELIPE??? TEM QUE BOTAR ÁGUA ANTES". Minha cara no chão, né, mas ¯\_(ツ)_/¯
Apenas respondi: "E-Eu sei... É q-que eu gosto assim também".
OU SEJA: Nunca deixem lacunas para minha cabeça preencher, pois sempre vou optar pelas coisas mais improváveis. Nos dias em que estou mais inspirado, dou jeito até de colocar um unicórnio no meio. É uma fonte inesgotável de vergonha.
Me salvem.
Por que você compartilharia esse texto? Não sei, talvez...
1) Você apenas achou graça e quer que outras pessoas achem também?
2) Você conhece uma pessoa que passa por uma das 3 vergonhas e ela precisa saber que não está só?
3) Você é o meu primo da história e quer me humilhar publicamente?
4) Você sabe que me ama, xoxo?
Compartilhando, você me ajuda muito. Obrigado! :)
Me salvem.
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Por que você compartilharia esse texto? Não sei, talvez...
1) Você apenas achou graça e quer que outras pessoas achem também?
2) Você conhece uma pessoa que passa por uma das 3 vergonhas e ela precisa saber que não está só?
3) Você é o meu primo da história e quer me humilhar publicamente?
4) Você sabe que me ama, xoxo?
Compartilhando, você me ajuda muito. Obrigado! :)
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Ai, Felipe. Você é uma comédia.
ResponderExcluirAdoro seus textos e me divirto horrores. Confesso que às vezes não comento porque tenho vergonha de não ser tão engraçada e cheia das sacadas nas respostas. hahaha
Beijos da integrante do Fãs do Fagundes. =p
Meu fã clube <3
ResponderExcluirConfesso que os comentários me deixam muito animado, mas só de saber que tem gente lendo, acompanhando e, principalmente, compartilhando, eu já fico feliz :)
Vergonha #2, tamos aí! Ainda mais pra uma pessoa cuja coordenação motora nunca esteve muito presente. Pior que meu contato físico involuntário não se concentra apenas em pessoas, uma vez que eu atropelo postes, sou agarrada por maçanetas e trombo em quinas de móveis, frequentemente.
ResponderExcluirMeu avô uma vez foi "atropelado" por um carro parado e eu nunca tinha entendido muito bem como isso aconteceu até coisas parecidas começarem a acontecer comigo. Ainda não fui atropelada, mas por via das dúvidas, evito passar muito perto de carros estacionados.
Só uma coisa: HAHAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
ResponderExcluirUma coisa sobre coordenação motora e contato físico forçado é que, estando assim tão perto, eu sem querer dou cotoveladas no pescoço da pessoa, já cocei perna alheia achando que era a minha, pisei no pé :S UM CAOS.
ResponderExcluirE eu já fui ~atropelado~ por um carro parado! HAHAHAHAHAHAH Quer dizer, tecnicamente, eu que o atropelei, mas a dor foi toda minha.
Ai vc me mata ainda com um post desse hahahaha. Já ia falar que sempre vacilo com as portas tbm, mas normalmente estou tão distraída q só percebo quando trombo com elas... e não, minha vergonha dura só os segundos de atravessar de novo rs. Mas ai depois do guaraná hauahuhauhau
ResponderExcluirMe acabando de rir do causo do guaraná.
ResponderExcluirQue tropece nos próprios pés quem nunca colocou a mão na perna de outra pessoa achando que era a sua! (Coçar é só um pulinho do colocar a mão.)
ResponderExcluirHAHAHAHA e eu que achava que ser atropelado por carro parado era um pouco raro!